No meu refúgio, penso…
Penso absorto de tudo.
Penso comigo, para dentro.
Mas sempre que desperto,
tenho a impressão que em nada pensava.
Será?
Só me lembro do silêncio que me povoava
e da cortina de vidro, translúcido, de luz mole:
aquela que me impedia de sentir a agitação de fora.
Diz-se que «não estamos cá».
Estamos onde?
Pensamos e imaginamos,
viajamos.
Para onde?
Certamente «até à lua»!
É o que se diz...
Deve ser essa, pois, a minha segunda casa.
Porque a primeira, essa, sou eu:
onde me habito,
onde me isolo quando quero,
onde me vejo e onde tudo vejo,
onde sou eu,
onde penso.
A segunda, então, a lua:
para onde viajo, quando me aborreço de estar na primeira, pensando,
e por onde deambulo
na placidez e na quietude daquele areal branco.
Ver dali o sol é diferente!
(Imaginando, tudo é diferente!)
Os seus raios são mais brandos,
não ofuscam tanto,
não queimam a vista…
Vejo-lhe nitidamente o globo fogoso,
as labaredas,
os abismos quentes.
(Vejo mais além, quando imagino!)
Aqui, a quentura é tão suave, tão deliciosa...
Tudo é tão bom!
(Regressando da viagem tudo é diferente…)
Imaginando, imaginando...
abrigo(s)
ouve o Espaço, ouve o Tempo
Deparei com um quadro curioso:
Terra branca
Chuva azul
Sol transparente
Ar de laranja destilada.
Umas pegadas a um canto
Uma flor selvagem num outro
Uma colina branca com relvas vermelhas à frente
Um mar agitado de ondas amarelas atrás.
Gritam uns voadores por cima de mim
Num vibrar de asas que estremece o ar;
Caminha, deixando um rasto sem fim,
Uma eterna minhoca de sábios olhos:
sábios de tristeza e alegria, de solidão e memória
- memória de piores dias, de melhores dias,
- memória de quem vê e vive tudo...
Salta-me aos pés uma gigante pedra verde
Que, tal como a minhoca, é eterna e sabe tudo
- mas apenas acerca do local em que sempre esteve,
- o local que eu agora passo ao andar.
Mas, inesperadamente, sou convidado para ficar,
Para ouvir as histórias daquele Espaço,
Conjugado com o Tempo que a minhoca transporta.
E, enfim, deixo-me abstrair nessas recordações narradas
Que me parecem tão evidentes e tão concretas,
Tão reais e minhas...!
máscara escondida
Desvendei o teu mistério, a tua face, o teu enigma,
Arranquei-te a máscara aparada pelo cinzel,
Limpei a poeira que o tempo acumulou,
Destapei o alçapão secreto da tua alma...
Pois então vi com puros olhos
O que jamais em ti se vira!
Mas reparei na visão que, afinal, me era próxima:
Tudo em ti já eu tinha visto algures
E concretizei que, apesar do teimoso disfarce,
És como eu, como todos, como tudo.
Ao materializares a tua diferença
Consolidavas a tua igualdade.
É que, apesar das diferenças,
Foram elas que nos uniram,
Tornando-nos tão semelhantes:
Não resistas - és assim mesmo, és como nós.
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