Gestão de transportes de passageiros

15/04/09 · ·

Ao regressar a Braga das mini-férias da Páscoa, assisti a uma situação caricata relativa à gestão de autocarros e passageiros. Como se compreende, a maior parte das pessoas decidiu ficar o domingo de Páscoa na companhia da família e rumar aos respectivos locais de trabalho/estudo/etc. apenas na segunda-feira. É um facto compreensível e previsível. Só parece não o ser para as empresas de transporte rodoviário de passageiros.

Ora, entrando no autocarro no Fundão, constato que este já se encontra quase cheio, facto não muito habitual quando antes há apenas uma paragem (Castelo Branco). Em quase todas as centrais se vêem multidões de passageiros à espera do seu autocarro e, chegados a Viseu, verifica-se que os passageiros eram mais do que os lugares disponíveis. Desta forma, com todos os lugares ocupados, seis passageiros vêem-se "aconselhados" a viajar de pé, em plena auto-estrada, entre Viseu e uma estação de serviço perto de Mangualde, tendo-lhes sido dito que nessa estação haveria um autocarro disponível para os receber. Além disso, foram também "aconselhados" a deixar toda a bagagem, incluindo bagagens de mão e computadores portáteis, na mala do autocarro (apesar de todos os outros terem pelos menos os sensíveis computadores lá em cima), uma vez que se "apanhados" os motoristas são multados em 200 e tal euros. Mudados os passageiros na estação de serviço, a viagem continuou, já com bastante tempo de atraso, como se conclui. Como se não bastasse, a utilização do telemóvel era frequente ao volante, sem qualquer tipo de auricular ou aparelho Bluetooth. Ou seja, ser-se multado por causa dos passageiros não, mas por falar ao telemóvel enquanto se conduz não faz mal... Nem faz mal levar seis passageiros de pé pela auto-estrada fora...

O que eu quero dizer é que se a gestão fosse eficaz, nomeadamente os sistemas de venda de bilhetes, nada disto teria acontecido. Bastava haver um sistema informático que controlasse o número de lugares disponíveis em determinado autocarro/percurso (já que fazem vendas de bilhetes pela Internet com sistema semelhante). Seria mais fácil haver um autocarro disponível logo que os bilhetes esgotassem no sistema, para poder responder às necessidades dos passageiros. Assim, evitava-se todas aquelas infracções feitas "à portuguesa" porque não se planeia as coisas a tempo nem há capacidade de previsão. Fica o reparo...

5 comentários:

Cristóvão disse...
16/4/09 11:58  

Ao inicio, por causa de uma preposição, entendi mal o que tinhas relatado. Assim, percebi que o motorista mandou o pessoal andar "a pé" e não "de pé", na auto-estrada até chegar à estação de serviço. Isto é que teria sido um escândalo...
Agora, e em relação aos transportes públicos, há muita coisa que deveria ser mudada. Num mundo utópico, lindo e fofo (homenagem ao grande Piri), não haveria problemas destes porque todas as transportadoras estariam equipadas para responder a estes piques de procura. Também teríamos uns autocarros muito confortáveis, onde quem mede mais de 1,70 pode ter as pernas bem instaladas (sim, é um trauma pessoal que partilho aqui convosco).
Mas falemos de possibilidades reais...
Primeiro, como dizes, as rodoviárias podem usar o sistema que já esta disponível na Internet (melhorando-o já agora) para evitar que haja mais pessoas do que lugares disponíveis. Isto sim, é do domínio do possível.
Segundo, e falando de conforto, acredito que o utilizador merece viajar em óptimas condições e em segurança. Por isso, espero que todos os transportes de passageiros (inclusive autocarros urbanos) irão adoptar o cinto de segurança. Não é por se andar mais devagar que estamos livres de ter um acidente.
Por fim, acho indispensável renovar a frota das diferentes empresas rodoviárias de Portugal. Aqui também, incluo os transportes urbanos sendo os de Braga um perfeito exemplo da idade avançada do parque de veículos. Mas o pior ainda são as empresas como a Transdev que, na zona da Povoa de Lanhoso, usa autocarros vindo de Alemanha e França (importados) e cuja idade é superior ou igual à minha.
Resumindo, neste tempo de crise e de falta de investimento, nada disso irá acontecer a não ser que haja um drama que desperte a mente dos nossos políticos. Talvez já não saibam o que é andar de autocarro.
Acho que vou seguir a carreira politica...

Unknown disse...
16/4/09 15:55  

Parece que isso não é só no Fundão. No Porto, há tempos aconteceu a mesma coisa, mas o problema é que não eram só seis, estavam os lugares sentados todos ocupados e os lugares de pé também. O motorista tinha perfeita noção que já não cabia mais gente, nem de pé, mas continuava a mandar entrar... Fui desde o Porto até Santa Maria da Feira, e por causa do peso demorou mais do dobro do tempo a chegar a metade do destino...! Quando queria sair não conseguia! Nem os do corredor podiam mexer-se, nem nós, nos bancos... Claro que o motorista ouviu e alguns que estavam a pé lá se mexeram, mas apeteceu-me mesmo chamar a polícia...!!!!

Igor disse...
16/4/09 16:12  

Pior... Acho que deveria ter mudado o título para "Transportes sardinhas em lata" ou algo semelhante!

Dulce Rocha disse...
18/4/09 14:13  

Estamos em Portugal meus amigos! Portugal é o país onde o autocarro chega atrasado meia hora ou mais e o motorista vos diz: "ah houve uma troca,esse não passou", como uma calma e descontracção tal que até parece que o homem não sabe que vocês, pobres desgraçados sem carro, têm horários a cumprir...E que o sucedido é algo muito normal e nada desagradável!!Ou então, chegando atrasado meia hora o simpático motorista ainda se põe a reclamar (leia-se gritar) com os passageiros para se despacharem que ainda tem uma longa viagem...E, E um sem número de outras histórias...Mas isto é Portugal, em Portugal é assim, se querem cumprir horários não podem ir no autocarro que se saísse a horas vos faria chegar ao vosso destino, têm que ir naquele que chega, contando com os 5, 10 ou mais minutos de atraso habituais!

Beijos e abraços para todos em especial ao meu amorzão!!

rui jacaré disse...
2/5/09 19:04  

Isto é uma América, ó primo!;)

breves

Twitter Updates

    siga-me no Twitter